Como escolher um curso superior?

Saber como escolher um curso superior é geralmente um momento de alguma inquietação para os estudantes e seus familiares mais próximos. Neste artigo damos algumas sugestões que o podem ajudar a si, ao seu familiar ou a um amigo próximo a tornar o processo de decisão mais fácil e mais consciente. Explicamos assim como escolher um curso superior.

É inegável que saber como escolher um curso superior é uma decisão importante: a opção tomada poderá condicionar o caminho de um estudante a médio ou longo prazo, quer por questões de empregabilidade quer mesmo por questões relacionais. Contudo, esta escolha não deve ser encarada como determinante de futuro pois todos os caminhos são reversíveis (com maior ou menor dificuldade) se a decisão tomada não se revelar a melhor. Acima de tudo o mais relevante é o empenho do aluno em criar o seu próprio percurso e em tornar realidade o seu plano de carreira agora e, continuamente, no futuro.

Antes de mais, importa desmistificar algumas ideias em relação à ideia de vocação. Esta não é algo que nasce connosco mas sim resulta da fusão entre as áreas de interesse, valores pessoais relativamente à profissão, aptidões inatas e competências aprendidas face a áreas específicas

Frequentemente entende-se a vocação como sendo algo para o qual se “nasceu” para fazer, no entanto na grande maioria dos casos não existe uma tendência clara para uma profissão específica, antes para área de interesse ou de maior ou menor aptidão que encaminha para um leque de opções profissionais. Em muitos outros casos não existe nenhuma identificação demarcada com uma única área de interesse ou aptidões claramente diferenciadas, o que leva a que o aluno fique hesitante no momento de decisão.

Tendo em conta esta dificuldade, listamos abaixo alguns critérios de selecção e acções que pode tomar para o ajudarem no processo de decisão para saber como escolher um curso superior:

1. Critérios a ter em conta para saber como escolher um curso superior

A. Interesses e motivações:
O primeiro aspecto a ter em conta são as suas área de interesse e motivações pessoais para frequentar um curso nessa área. Não se esqueça que irá despender 3 a 5 anos da sua vida estudando uma mesma matéria: que tema é que o prende o suficiente para o conhecer a fundo durante esse período de tempo?

B. Aptidões e competências:
Para que áreas tem maior aptidão: números, letras, artes, ciências naturais? Ter uma aptidão natural (“inata”) para uma área específica é uma vantagem nas classificações finais que poderá ter no curso que escolher, por ser mais fácil para si aprender conteúdos dessa temática. Posto o tema das aptidões, passemos às competências que são, no fundo, capacidades treinadas e não necessariamente “inatas” em si.

Ou seja, pode, por exemplo, não ter sido o melhor aluno em números desde o início do seu percurso mais ao longo dos anos, com a prática, as suas classificações melhoraram sendo agora as suas melhores notas, o que certamente será uma ajuda ao aprender matérias subsequentes nesse domínio. Pergunte-se então: em que áreas tem melhores competências treinadas?

C. Classificações académicas, provas especificas e pré-requisitos:
A sua média actual e dos exames finais será uma condicionante no acesso ao curso que pretende. Tem uma média superior à do curso em que pretende ingressar? Não se esqueça que a média de acesso a cada curso divulgada é a média do último candidato que entrou, o que significa que concorrer com um valor abaixo a esse poderá deixá-lo à porta do curso se nesse ano as médias de acesso não baixarem. Por segurança, deverá ter no mínimo entre meio valor e 1 valor a mais do que o do último candidato admitido, para aumentar as suas hipóteses de acesso.

Todos os cursos possuem ainda provas específicas que deverá ter de prestar no final do ano para aceder ao curso pretendido (veja melhor no ponto ” 2. Acções a tomar” deste artigo, como saber quais são), se não as tiver feito não poderá candidatar-se. Alguns cursos possuem ainda pré-requisitos, provas que deve prestar cerca de 3 meses antes da candidatura ao ensino superior para garantir que se pode candidatar a determinado curso (podem ser provas físicas, de saúde, etc.). Confira se o curso que pretende as possui e garanta que as faz atempadamente para se poder candidatar.

D. O seu perfil comportamental:
A sua personalidade também tem peso nesta decisão. O tipo de emprego que o seu curso lhe proporcionará é o que deseja para a sua vida? Por exemplo, se está indeciso entre biologia marinha e engenharia biológica imagine o tipo de emprego mais provável num e noutro caso: trabalhar no meio aquático ao ar livre e uma maior probabilidade de se deslocar frequentemente é o que pretende para a sua vida? Ou imagina-se mais a realizar trabalho em laboratório e ter uma residência fixa num só local?

E. Prestígio da universidade:
Para além do curso, a escolha da faculdade é também um critério importante, não basta ser licenciado em determinada matéria, há que ser licenciado por uma faculdade credível no mercado. O prestígio da faculdade, sua história, anos de existência do curso, corpo docente (professores) que compõe o curso e a percentagem de alunos que colocou no mercado de trabalho (essa informação é disponibilidade pela maioria das faculdades) são critérios que deve levar em conta para escolher o seu curso. Consulte também a avaliação transversal dos cursos nas diferentes faculdades por parte da comissão responsável e compare os resultados.

F. Empregabilidade:
O potencial para gerar emprego e multiplicidade de saídas profissionais de um curso é também um critério a ter em conta para saber como escolher um curso superior, não só o número de empregos disponíveis para a designação funcional mais óbvia (ex.: medico veterinário) que também mas também funções próximas que requerem as mesmas qualificações académicas (ex: investigador em farmacologia veterinária, delegado de informação médica veterinária, técnico superior de segurança alimentar). Analise a saturação do mercado nessa profissão e valide se será um bom investimento face ao que concluiu.

G. Expansão internacional:
Pensa sair da sua área geográfica no futuro? Se tem um desejo natural de emigrar então entre em linha de conta com esse ponto antes de decidir que curso escolher, pois nem todos os cursos permitem a sua prática além fronteiras sem requererem reciclagem ou requalificação local. Se cursos nas áreas dos sistemas de informação, multimédia, informática e mecânica são de “linguagem” universal, por oposição cursos como direito ou comunicação estão mais circunscritos ao mercado em que são leccionados, pois existem temas como a legislação nacional que enquadram a formação ministrada e prática subsequente.

2. Acções a tomar
Feita esta análise há ainda algumas acções que poderá tomar para fundamentar melhor a sua decisão, entre elas:

A. Procurar informação para saber como escolher um curso superior:
É imperativo consultar o site oficial de acesso ao ensino superior onde consta toda a informação de que vai precisar para se candidatar ao ensino superior, como perguntas frequentes sobre os exames e candidatura ao ensino superior, o calendário geral de exames e a avaliação dos cursos do ensino superior.

• No site aceda à área dos Estudantes e clique em Índice de cursos, podendo fazer uma pesquisa seleccionando:
• Área/Curso – área de estudos e nome do curso (se não souber ainda o que pretende)
• Curso/Estabelecimento – nome do curso e estabelecimentos onde é leccionado (se já souber o que pretende);
• Distrito/Estabelecimento (se pretender apenas os cursos do seu distrito de residência);
• Estabelecimento/Curso (se pretender ver apenas os cursos ministrados num determinado estabelecimento de ensino).
• Ao identificar um curso de interesse seleccione o estabelecimento de ensino e consulte as provas de ingresso (em conjuntos de 2, 3 ou apenas 1), classificações mínimas das mesmas (por norma não poderá ter menos de 9,5 valores nas disciplinas específicas, mesmo que tenha tido uma média final de 19 valores ou mais no final do ano, e nalguns cursos esse valor mínimo sobre para 14 ou 16 valores como acontece, por exemplo, em cursos ligados à medicina), veja se há pré-requisitos e consulte as classificações dos últimos candidatos no ano anterior.

B. Obter orientação vocacional e profissional
Se a ainda assim decisão de saber como escolher um curso superior não parecer clara, é importante recorrer a orientação profissional em programas de orientação escolar e profissional. Incluindo um conjunto de instrumentos de avaliação, estes programas dar-lhe-ão indicações de áreas de interesse e aptidões específicas mas sobretudo levá-lo-ão a a um maior auto-conhecimento sobre o seu perfil, autonomia e pro-actividade no processo de escolha e decisão. Lembre-se que estes programas duram algum tempo logo deverá ingressar neles atempadamente para obter a informação de que necessita antes dos prazos de candidatura ao ensino superior.

C. Conhecer em detalhe o curso e exercício da profissão:
Procure conhecer melhor o curso a que se candidata visitando a página da faculdade e explorando o conjunto de disciplinas que serão leccionadas, as saídas profissionais expressas na página oficial e, se possível, tente falar com 3-5 alunos desse curso em fóruns online para obter opiniões.

Pode também procurar páginas de alunos no facebook e explorar a interacção entre eles para perceber um pouco melhor a dinâmica da vida académica. Tenha em mente que o conteúdo dos cursos poderá variar de faculdade para faculdade por isso é importante fazer uma análise comparativa.

Outra coisa que deverá fazer também é tentar falar com profissionais da área, poderá ser em fóruns da especialidade, através de contactos estabelecidos pela escola ou falando com pais de amigos que exerçam a referida profissão. Tente perceber o percurso feito pelo profissional, obstáculos e mais valias com as quais se deparou ao possuir a licenciatura em questão.

Tente sondar também sobre a média salarial de um empregado com essa formação, valores de início e fim de carreira e, sobretudo, que funções e tarefas específicas estão associadas a essa prática profissional, pois muitas vezes a idealização da profissão não corresponde ao dia-a-a-dia do exercício profissional da mesma.

Se precisa de ajuda com estudos, encontre professores ou explicadores aqui.