Como plantar orquídeas
Delicadas e muito variadas nas formas e combinações de cores, as orquídeas estão entre as mais belas e exóticas flores do mundo, combinando florescências delicadas com folhagens por vezes ferozes e indomáveis. Curioso em como as fazer florescer no seu vaso ou jardim? Neste artigo explicamos-lhe como plantar orquídeas.
Com mais de 30 000 espécies (e mais de 200 000 variedades híbridas), a família Orchidaceae é uma das maiores no reino vegetal. As orquídeas predominam nas zonas tropicais, mas existem em quase todos os continentes (a excepção é a Antárctida). Têm capacidade para se desenvolver em ambientes exteriores e interiores, porém necessitam de alguns cuidados e atenção para serem cultivadas com sucesso.
Por natureza, as orquídeas são na sua maioria epífitas (plantas que vivem sobre outras plantas), sendo frequente vê-las florescer em árvores, às quais se apoiam para beneficiar da luz. Não são plantas parasitas, uma vez que a fonte da sua alimentação é o material em decomposição que cai das árvores.
Para além da ornamental, as orquídeas não têm outra utilidade comercial relevante; algumas das espécies do género Vanilla possuem um fruto a partir do qual é produzida a baunilha, porém em quantidades pouco competitivas para o custo que implicam. A nível decorativo, uma boa parte das variedades de orquídeas é preterida por ter flores pequenas e folhagens muito abundantes, sendo preferidas as espécies vistosas, com flores grandes, caules delicados e poucas folhas. As espécies mais procuradas são ainda exploradas pelos cultores de orquídeas para a produção de variedades híbridas, também elas muito comercializáveis.
Espécies,variedades e graus de dificuldade
A probabilidade de ser bem-sucedido no cultivo pode variar consoante a orquídea escolhida, uma vez que cada género tem as suas condições ideais de humidade, temperatura, rega e luz. Para quem quer começar e não desanimar às primeiras tentativas, é boa ideia experimentar orquídeas de géneros como Cattleya, Phalaenopsis e Paphiopedilum, que estão entre as mais fáceis de cultivar. Uma prática também útil para quem se inicia é aconselhar-se junto dos viveiros ou estufas da zona, ou com associações de orquídeas (como a Associação Portuguesa de Orquidofilia).
Neste artigo vamos seguir os diferentes passos a dar para cultivar uma orquídea phalaenopsis. Esta espécie é das mais vendidas, sendo muito comum entre os estreantes no cultivo de flores desta família. Também apelidadas «orquídeas-mariposa», as phalaenopsis costumam ter um caule esguio e alto, adornado na parte inferior com poucas folhas grandes, grossas e viçosas. É na parte superior da planta que se dá o florescimento, com algumas flores exuberantes, de grandes pétalas, cruzadas de uma forma que relembra as asas abertas de uma borboleta.
As orquídeas phalaenopsis são asiáticas, oriundas de países como as Filipinas, Borneo e Java. São plantas de crescimento vertical, monopodial (num só pé), e dividem-se em dois tipos: padrão (crescem até 1 m de altura) e miniatura (chegam aos 30 cm). Existem cerca de 60 espécies verdadeiras de phalaenopsis, mas já muitas variedades híbridas foram desenvolvidas, visto serem plantas apelativas para os consumidores em geral e extremamente utilizadas para decoração (inclusive por revistas de design).
Cultivando um vaso para uma borboleta
As phalaenopsis crescem em quase todo o tipo de vaso, mas requerem alguns cuidados nomeadamente quanto à drenagem, sobretudo quando plantadas em casa. Assim, um simples vaso de barro cozido, furado lateralmente para garantir o escoamento da água e arejamento do solo, será indicado. Para plantar uma orquídea deste género, pode começar com as suas pequenas sementes e pedaços de raíz de uma planta já desenvolvida, com uma muda comprada em viveiro ou com uma pequena porção de raiz cortada a uma planta maior.
Quando plantadas desde a semente, as orquídeas podem levar muito tempo até florescer – dois anos no mínimo. O primeiro passo é esterilizar o vaso, fervendo-o em água durante 15 minutos. Depois de este ter arrefecido, deve ser preenchido em três quartos com uma mistura de turfa e esfagno. A mistura é tapada com um pano fino e limpo, cujas pontas devem ser pressionadas por forma a repousar na periferia do vaso. Entorna-se então alguma água acabada de ferver sobre o pano para o esterilizar. Sobre o pano são depois colocados os pedaços cortados à raiz da planta progenitora e distribuem-se sobre ele as sementes de phalaenopsis; estas raízes são importantes por conterem nutrientes essenciais para a planta depois da germinação. O vaso deve ser colocado cobre um pires com água num lugar quente e iluminado, e tapado com um plástico transparente. É importante dar atenção à rega nesta fase: o pires deve estar sempre bem abastecido de água. Depois de a germinação acontecer e os rebentos começarem a nascer, devem ser mudados para vasos diferentes, para beneficiarem de espaço, que propicia o crescimento.
Após o transplante, a rega frequente e uma boa circulação do ar permanecem condições essenciais. O novo vaso para onde cada rebento é transplantado deve por isso ser igualmente perfurado e previamente abastecido com uma camada de brita ou argila expandida e substrato humidificado. A muda é colocada sobre estas camadas, com a raiz no centro do vaso, acomodada com substrato, e adubo na periferia. Uma boa mistura de substrato para orquídeas phalaenopsis pode conter, por exemplo: 4 partes de casca de pinheiro, 1 parte de carvão e 1 parte de perlita. É possível plantar orquídeas sem recorrer ao substrato, usando apenas fertilizante e rega frequente, porém apostar na nutrição da planta é mais seguro.
A planta deve crescer num composto que, para além dos nutrientes, se mantenha húmido, mas seja correctamente drenado. A água é essencial para o desenvolvimento destas plantas, mas pode matá-las quando em excesso; assim, é boa ideia palpar o composto para verificar o seu estado (e, se ainda estiver húmido, não regar). No Verão as orquídeas são regadas, em média, uma a três vezes por semana, nas horas menos quentes, enquanto no Inverno é preciso esperar um pouco mais, já que o composto deve secar entre regas. As phalaenopsis necessitam ainda de uma temperatura amena a quente (acima dos 15º C) e de alguma luz solar, mas não em excesso, sendo aconselhável mantê-las à sombra quando os períodos de sol são longos e o calor muito intenso. Outra preocupação a ter em conta é a aplicação frequente de fertilizante – sempre no composto, nunca próximo da raiz, uma a duas vezes por mês, consoante o desenvolvimento. Regular deverá ser também a mudança de vaso, que ocorre quando a planta está muito ramificada ou as raízes deixam de caber no vaso. No caso das orquídeas asiáticas, esta muda deve acontecer anualmente.
Posto isto, a Associação Portuguesa de Orquidofilia tem boa presença na internet e é um óptimo recurso tanto para estar a par de workshops e formações que vão acontecendo no país, como para tirar dúvidas e obter mais informações sobre estas flores. O website e fórum da Associação são acessíveis através do endereço http://www.lusorquideas.org/, mas é também possível encontra-la no Facebook.
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